Em meados dos anos 90, com a explosão da internet e das telecomunicações em geral, o sistema de ensino à distância (EAD) tornou-se uma verdadeira febre mundial, com milhões de alunos aderindo a um modelo que colocava o sonho da universidade à distância de um clique, mesmo apesar das polêmicas em torno da qualidade do ensino.
A partir dessa iniciativa, surgiram os MOOCs (Cursos Online Abertos e Massivos), que ofereciam o conteúdo de várias universidades como Harvard, Berkeley, Stanford, USP, totalmente gratuitos e virtuais.
No entanto, devido às polêmicas sobre a capacidade desses cursos massivos de garantirem a qualidade do ensino e a colocação desses milhões de indivíduos no mercado de trabalho, surge um conceito conhecido como SPOC (Cursos Online Pequenos e Privados), que têm sido alvo de muitas discussões sobre a sua utilidade no sistema de ensino à distância atual, mesmo em tempos de controvérsias sobre os efeitos dessa massificação do aprendizado.
Como o nome sugere, tratam-se de pequenos cursos online, restritos a alguns poucos inscritos e que de acordo com alguns pré-requisitos (cujo objetivo em tese é garantir a qualidade do aprendizado) oferece cursos de grandes universidades do mundo para um público reduzido, evitando a dispersão causada pelo excesso de alunos, o que geraria a consequente perda do foco.
Instituições como o MIT (Massachusetts Institute of Technology), por exemplo, foram uma das primeiras a aderirem a esse não tão novo modelo de ensino à distância, oferecendo cursos com duração não inferior a 8 horas semanais, para não mais que algumas centenas de alunos, com conteúdo mais abrangente, explorando questões como segurança nacional, por exemplo, dentro de um sistema que enveredasse para além do modelo conteudista.
No entanto, para alguns especialistas, como o professor da Universidade Anhembi Morumbi, João Mattar, trata-se de “um passo para trás”, na medida em que resgata um modelo que, segundo ele, é anterior ao MOOC.
Para o professor, os SPOCs nada mais são do que um dos modelos gerados pelo sistema de ensino à distância (EAD), que inicialmente eram oferecidos de forma massiva (MOOC) ou limitada (SPOC), dentro de uma visão de que o problema não é a quantidade de alunos e sim os métodos de avaliação, tutuoria, conceitos de aprendizagens e colaboração, além de outras características pedagógicas.
Diz ainda que, na verdade, esses SPOCS tendem a repetir o modelo conteudista das universidades, recheados de avaliações por múltipla escolha, conteúdos engessados e em PDF, sem mestres, e que, por isso, não significariam uma evolução do sistema de ensino à distância.
Seria, portanto, necessário, antes de pensar nos SPOCS como a “nova solução para o ensino online”, refletir sobre novas formas de avaliação e de integração entre os alunos, somando-se a esforços para criar uma nova forma de transmissão e elaboração de conteúdo, que fosse capaz de realmente desenvolver habilidades necessárias para a transformação do indivíduo, mesmo que de forma massiva.
Vivaldo Pereira da Silva
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